quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ENXERTIA

1- DESVANTAGENS DA ENXERTIA
A enxertia, segundo alguns autores, é o melhor método de propagação, porém, podem ocorrer alguns problemas, como:
Incompatibilidade entre o porta- enxerto e enxerto; esta limitação determina a variedade e as espécies que podem ser enxertadas num determinado porta- enxerto;
A união do enxerto pode ser extremamente frágil e sujeita a danos devido ao frio rigoroso ou a fortes ventos;
Muitos portas- enxertos iniciam a brotação de ramos vigorosos que devem ser eliminados frequentemente para que não suplantem o vigor do porta- enxerto;
Dificuldade no posicionamento dos tecidos: o câmbio é a porção de crescimento ativo do ramo e situa-se logo abaixo da casca. Estas camadas do câmbio, tanto no porta- enxerto devem posicionar-se de modo a ficarem absolutamente em correspondência uma com a outra;
A necessidade de isolar o ponto de enxertia com fitas isolantes e ceras para evitar a perda de água e a penetração de patógenos e favorecer a manutenção de elevada temperatura.
12- TÉCNICAS DE ENXERTIA As técnicas da enxertia podem ser:
Borbulhia ou enxerto de gema
A borbulhia é o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta- enxerto enraizado, ( SIMÃO, 1998). A época de enxertia para esse tipo de multiplicação, é de primavera- verão, quando os vegetais se encontram em plena atividade vegetativa.
Os principais tipos de enxerto em bobulhia podem ser: T normal; T invertido; Janela aberta; d) Janela fechada e em anel.
a) T normal
Fende-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido perpendicular, de modo a formar um T. O escudo ou gema é retirado, segurando-se o ramo em posição invertida. Prende-se o escudo lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o dorso da lâmina e introduz-se a borbulha. Corta-se o excesso e amarra-se de cima para baixo.
FIGURA 8- Esquema da borbulha em T normal. Fonte: JACOMINO, 2008.
b) T invertido
Procede-se de modo semelhante ao anterior. Difere apenas na posição normal do ramo para a retirada da borbulha e do modo de introduzir e amarrar. A colocação da borbulha, bem como a amarração é feita de baixo para cima.
Esse tipo apresenta a vantagem sobre o anterior, por evitar a penetração da água e também por ser mais fácil de manejar.
FIGURA 9- Esquema da borbulha em T invertido. Fonte: JACOMINO, 2008.
c) Janela aberta
São realizadas no porta- enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais, de modo a liberar a região a ser ocupada pela borbulha. A borbulha é retirada do garfo praticando-se duas incisões transversais e duas longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntica à parte retirada do cavalo. A borbulha é a seguir embutida no retângulo vazio e deve ficar inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado.
d) Janela fechada
O porta- enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A borbulha é obtida e maneira semelhante ao tipo anterior. Para assentá-la, levanta-se a casca com canivete, introduz-se o escudo e a seguir recobre-se com a casca do cavalo. O enxerto é completado fixando-se com amarrilho.
FIGURA 10- Esquema da borbulha em Janela. Fonte: JACOMINO, 2008
e) Em anel
Para esse tipo de enxertia faz-se uma incisão circular quando o enxerto é no topo, ou duas incisões circulares e uma vertical quando é no meio da haste, de modo a retirar um anel.
No garfo procede-se do mesmo modo, e a superfície deve ser idêntica à do cavalo, para que haja contato entre as camadas cambiais. A seguir amarra-se.
FIGURA 1- Esquema da borbulha em anel. Fonte: JACOMINO, 2008.
13- FORÇAMENTO DO ENXERTO
Para adiantar o desenvolvimento do enxerto, uma vez constatado seu pegamento, faz-se a torção da haste um pouco acima do local da enxertia e curva-se o ramo para o solo. A seiva, devido à curvatura, tende a reduzir sua velocidade e acumular-se na região do enxerto, comunicando-lhe grande vigor. Por esse meio consegue-se em algumas espécies adiantar o desenvolvimento de dois a três meses. Pode-se também forçar o desenvolvimento do enxerto com incisões ou anelamento praticados na região abaixo dele.
14- GARFAGEM
A garfagem é o processo que consiste em soldar um pedaço de ramo destacado (garfo) sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir seu desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia, por possuir normalmente mais de uma gema, ( SIMÃO, 1998).
A época normal para garfagem, para plantas de folhas caducas, se dá no período de repouso vegetativo (inverno), e nas folhas persistentes, dependendo da espécie, na primavera, no verão ou no outono.
Os principais tipos de garfagem são os seguintes: meia-fenda cheia; meia- fenda esvaziada; fenda incrustada; fenda completa; dupla garfagem; inglês simples e inglês complicado.
Em todos os tipos citados, o porta- enxerto tem a sua parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito 20 cm, aproximadamente, acima do nível do solo ou abaixo dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a tesoura é a seguir alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo.
a) Meia-fenda cheia
Faz-se o cavalo numa fenda, no sentido do raio, até atingir a medula. A fenda estende-se por 2 a 3 cm, no sentido do comprimento do cavalo. O garfo é preparado na forma de bisel e introduzido na incisão. O bisel deve ter aproximadamente o mesmo comprimento da incisão lateral.
b) Meia-fenda esvaziada
A incisão do cavalo é semelhante ao anterior, dele diferindo por praticar duas incisões convergentes, de modo a retirar uma cunha de madeira, esvaziando a incisão. O garfo é preparado do mesmo modo que o anterior. É um tipo mais aconselhável para espécie de lenho duro.
c) Fenda inscrustada
Difere da anterior por não atingir a medula. É utilizada quando os garfos são de pequeno diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à semelhança da meia-fenda esvaziada.
FIGURA 12- Esquema da garfagem em fenda incrustada. Fonte: JACOMINO, 2008 d) Fenda completa
Podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda perpendicular, no sentido do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na forma de cunha e introduzido na fenda.
FIGURA 13- Esquema da garfagem em fenda completa. Fonte: JACOMINO, 2008 e) Dupla garfagem
É utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se dois garfos, cada um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao da fenda completa.
FIGURA 14- Esquema da dupla garfagem. Fonte: JACOMINO, 2008 f) Inglês simples
Para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro apresentem o mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão-somente no corte em bisel do cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e em seguir amarram-se.
FIGURA 15- Esquema da garfagem em ingles simples. Fonte: JACOMINO, 2008 g) Inglês Complicado
A operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão longitudinal em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se a do cavalo for feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas.
O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a outra, e, portanto, maior fixação.
FIGURA 16- Esquema da garfagem em ingles complicado. Fonte: JACOMINO, 2008
15- ENCOSTIA
Também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que o enxerto e o porta- enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares até que a união esteja completamente formada.
É método mais simples de enxertia, porém é muito pouco utilizado comercialmente, (TELLES, et ai, 2004).
Os principais tipos de encostia podem ser resumidos em lateral e no topo. Tanto lateralmente e no topo. Tanto lateralmente como no topo, a encostia pode ser simples ou inglesa e inarching, (SIMÃO, 1998).
a) Lateral simples e inglesa
Pratica-se no cavalo e no ramo-enxerto um entalhe, retirando-se parte do alburno.
Aproximam-se as duas partes, ajustando as superfícies. Fixam-se as partes com amarrilhos, no caso da lateral simples.
Na lateral inglesa, procede-se da mesma maneira, porém, sobre o entalhe do cavalo e do cavaleiro, faz-se uma incisão oblíqua. Abre-se o entalhe, unindo-se as partes. A seguir, amarra-se.
FIGURA 17- Esquema da encostia lateral. Fonte: JACOMINO, 2008 b) No topo
Na encostia simples no topo, poda-se o cavalo a determinada altura e, com o canivete, faz-se um corte em bisel em ambos os lados. O ramo- enxerto sofre uma incisão oblíqua até o lenho. Encaixa-se sobre o bisel do cavalo e amarra-se.
A inglesa é preparada do mesmo modo. Apenas recebe uma incisão a mais tanto no cavalo como no cavaleiro, para que haja maior fixação.
FIGURA 18- Esquema da encostia inglesa e da utilização de prendedores de auxílio. Fonte: JACOMINO, 2008 c) Inarching
Inarching ou subenxertia vem a ser um tipo de encostia para revigorar uma planta em decadência, devido à incompatibilidade entre cavalo e cavaleiro.
O processo consiste em plantar, ao lado do tronco da árvore, uma muda que será ligada a ela. No tronco, faz-se uma incisão e, no ápice da muda, um bisel. Ajusta-se a região e fixa-se com um prego ou cravo de madeira.
FIGURA 19- Esquema da encostia Inarching ou subenxertia. Fonte: SIMÃO, 1998.
16- SOBREENXERTIA
É a operação que tem por finalidade o aproveitamento de plantas já formadas, com alteração da variedade copa. Seu emprego é indicado nos pomares de idade média e sadios.
Fazendo-se a sobreenxertia, ganha-se tempo, pois o porta- enxerto se encontra perfeitamente estabelecido, e as produções se tornam mais precoces.
Para proceder à sobreenxertia, poda-se a copa e deixam-se de quatro a cinco pernadas, sobre as quais se fará a enxertia da variedade. (SIMÃO,1998).
FIGURA 20- Esquema da sobreenxertia. Fonte: (RIBAS & PAES, 2003).
17- MICRO- ENXERTIA
Micro-enxertia: a micro-enxertia consiste de microenxertar um meristema, oriundo de uma planta-matriz, sobre um porta-enxerto multiplicado in vitro. Esta técnica possibilita a detecção precoce de incompatibilidade de espécies. (MONITA et ai, 2003).
A microenxertia é executada através das seguintes ações: a obtenção do porta-enxerto (obtido de uma semente germinada in vitro); a obtenção do microenxerto ou ápice meristemático; execução da microenxertia; transplante da plântula enxertada.
A microenxertia é uma técnica de enxertia "in vitro", em que se utiliza um ápice caulinar como cavaleiro, em condições assépticas, contendo dois ou três primórdios foliares excisado de uma planta matriz, sobre um porta-enxerto já estabelecido "in vitro". Corta-se o porta-enxerto, decaptando-o e faz-se uma excisão em "T" invertido no seu topo, onde é introduzido o microenxerto (PAZ, et al, 1998).
O método foi desenvolvido para contornar o problema de dificuldade de regeneração a partir de cultura de ápices caulinares em frutíferas e essências florestais. Com a microenxertia é possível a produção de matrizes de fruteiras, com alta qualidade fitossanitária e com características adultas, não se revertendo ao estado juvenil. Em essências florestais a microenxertia em cascata permite a produção de propágulos juvenis com alto potencial de regeneração.
FIGURA 21- Microenxertia de macieira (Malus spp.). A. Esquema da fenda simples da microenxertia e atividade celular do processo de soldadura. Tecido meristemático, presença de células indiferenciadas e células parenquimáticas B. Cunha formada pela fenda da microenxertia. B1. Detalhe da produção de células vasculares jovens formadas na interface do enxerto. C. Detalhe de células da copa penetrando no porta-enxerto. C1. Direcionamento das células da copa na área de soldadura. Fonte: ABREU et al, 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário